Procissão da Sexta-Feira Santa leva 10 mil fiéis às ruas de Alpinópolis

Uma das mais tradicionais manifestações religiosas e culturais da cidade, a procissão do Senhor Morto, reuniu mais de 10 mil pessoas na noite dessa sexta-feira (19), em Alpinópolis, segundo estimativa da Polícia Militar. Antes, no entanto, aconteceu uma via-sacra, no início da manhã, que levou os fiéis até o Monte das Oliveiras. As ritualísticas da Sexta-Feira da Paixão exercem grande fascínio sobre a população católica alpinopolense e são praticadas há mais de 130 anos.

A procissão do enterro, conduzida pelo padre Donizetti de Brito rememorando os momentos da agonia, paixão e morte de Jesus, este ano percorreu, basicamente, a região central da cidade, saindo da Matriz de São Sebastião, descendo pelo lado direito da praça Osvaldo Américo dos Reis, seguindo pela rua Monsenhor João Pedro, virando a rua Belo Horizonte rumo à avenida Governador Valadares. Em seguida o cortejo foi até a rua São Paulo, entrou pela rua Capitão Joaquim Bento, indo até  a praça Doutor José de Carvalho Faria, de onde retornou à Matriz.

Os ritos principais do dia tiveram início com a imagem do Cristo, como acontece todos os anos, sendo destravada da cruz do altar-mor da Matriz, em cerimônia realizada pontualmente às 15h.  Interessante é que esta imagem permanece exposta – fixada no madeiro da igreja – durante os demais dias do ano, causando a impressão de ser uma peça única e não desmontável. Porém, na Sexta-Feira Santa, revela possuir braços e pernas articulados, sendo retirada como se se tratasse de uma pessoa de carne e osso.

Foto: Pascom Alpinópolis

A cerimônia de retirada é sempre realizada por quatro homens – que se apresentam vestidos de túnicas com gorrões brancos e com as cinturas cingidas por cordões – sendo direcionada, após baixada, a uma jovem que representa Maria, a mãe de Jesus. Em seguida é colocada num esquife aberto e dado velório público no interior da igreja. Formam-se filas para tocar a imagem do Senhor Morto e realizar a antiga prática devocional do “medimento” das partes da imagem, correspondentes aos locais do próprio corpo da pessoa que mede (ou de seus entes e amigos) em que se almeja alcançar uma miraculosa cura.

Foto: Pascom Alpinópolis

Às 19h, o povo em procissão, acompanhou o Senhor Morto pelas ruas da cidade. Com velas em punho, a multidão de fiéis percorreu o itinerário mostrando profundo respeito à celebração, segundo observou Dimas Ferreira Lopes, diácono permanente da Igreja Católica, incardinado na Arquidiocese de BH. “Muito silêncio para um mundo tão ruidoso. As vozes mais destacadas eram as das mulheres no coro da Verônica e Beús. As luzes de velas de cera quebrando a escuridão da noite, com uma luminosidade primária, e não das luzes de modernos postes, provocaram nos fiéis as esperadas atualizações da mensagem de amor proclamada e atestada por Jesus Cristo, verdadeiramente Deus e verdadeiramente Homem”, disse o religioso.

Foto: Pascom Alpinópolis

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