FANTASMA DA VIOLÊNCIA VOLTA A ASSOMBRAR ALPINÓPOLIS

VIOLENCIA ALPINOPOLISQuando a esperança de uma trégua na onda violência, vivenciada em 2013, parecia ser possível, Alpinópolis é novamente assombrada por crimes de causar inveja a bandidos de facções criminosas das capitais. Em 2014 a cidade já presenciou um latrocínio, ocorrido em fevereiro, e duas execuções a bala, uma ocorrida em abril e a outra recentemente. São assassinatos, assaltos a mão armada, espancamentos e outros crimes considerados violentos que incrementam as estatísticas e colocam nossas autoridades de sobreaviso.

Segundo dados disponibilizados pela Polícia Militar, somente no primeiro quadrimestre de 2014, nosso município foi palco de sete crimes considerados violentos, números considerados até animadores se comparados aos 24 ocorridos no mesmo período em 2013. Dado importantíssimo que não pode ser omitido é que na grande maioria das ações criminosas ocorridas em 2013 e 2014 houve envolvimento de menores, quase sempre portando armas de fogo. A situação merece ser encarada com absoluta cautela, pois pelos sinais já dados nesta primeira metade de ano, corremos o risco de ter repetido o triste histórico da criminalidade de 2013, que elenca 46 crimes violentos.

Diante desse cenário, seria correto afirmar que uma geração de bandidos está despontando em Alpinópolis? Talvez seja essa uma afirmativa um pouco exagerada, mas pode ela servir como um sinal de alerta que nos leve a reconsiderar os caminhos e opções que estamos oferecendo aos jovens e crianças de nossa cidade. Não diferente de qualquer pequena localidade interiorana, sabe-se que Ventania carece de alternativas saudáveis de lazer que incluam espetáculos esportivos e atividades culturais para fazer frente aos bares, festas e shows esporádicos, ambientes geralmente regados a álcool e drogas, que são praticamente as únicas opções de recreação disponíveis por aqui. Fato é que essa modalidade de lazer, há muito, vem tirando o sono das famílias alpinopolenses.

Em face dessa preocupante conjuntura, haveria algum caminho para uma possível redução (porque não dizer supressão) dessa onda de criminalidade que dá sinais de voltar a incomodar essa cidade que foi segura e tranquila em tempos idos? Se esse caminho de fato existe, podemos afiançar que seguramente deve ser pavimentado por investimentos, públicos e privados, em cultura e esporte. Porém, parece que o poder público alpinopolense mantém, desde a canetada dada em 1938 pelo governador Benedito Valadares, a desanimadora tradição de destinar escassos recursos orçamentários para a manutenção dessa espécie de atividades. Infelizmente somos obrigados a engolir os miseráveis percentuais direcionados a esse fim pela Lei Orçamentária Anual o que naturalmente leva a se concretizar o ditado popular que afirma que “o barato sai caro”. O maior prejuízo não é o financeiro e sim o social.

A POLÍCIA

O novo comandante do destacamento da Polícia Militar de Alpinópolis, Tenente Robson, afirmou que são muitos os agravantes que contribuem para esse aumento de violência, principalmente no tocante à participação de menores nos crimes. Segundo ele a falta de vagas para internação de menores infratores é um problema sério em nosso estado, pois isso propicia a soltura dos mesmos após serem presos e receberem sentença. “Os problemas enfrentados com a violência na região têm sido caracterizados, em muitos casos, pela participação de menores de idade que, com a errônea idéia de impunidade, entram para o mundo do crime. Uma medida que poderia ajudar bastante seria a disponibilização de mais vagas para a internação dos menores e, melhor ainda, se fosse construída uma unidade prisional para atender essa demanda no Sul e Sudoeste de Minas. As estatísticas da criminalidade em Alpinópolis diminuíram logo que foram conseguidas vagas para a internação de alguns elementos da cidade, isso em meados de novembro do ano passado. Outro fator importante e que pode ajudar muito no trabalho da polícia é a participação da comunidade. O cidadão pode ajudar denunciando e não precisa, de forma alguma, ficar preocupado com represálias, pois a identidade de quem denuncia é mantida em absoluto sigilo. Com essa ajuda da população, o trabalho da polícia é muito facilitado e o benefício em ganho de segurança é imediato”, afirma o tenente.

O QUE FAZER?

A ação policial, que também pode ser chamada de ação reparadora, resolve a parte que lhe toca do problema, porém deixa sua verdadeira causa descoberta. É necessário identificar o que tem promovido essa debandada de jovens para os caminhos do crime que, naturalmente, tem gerado a avalanche de violência presenciada nestes últimos tempos. Seria muito injusto designar apenas ao poder público toda a carga de culpa por essa problemática. A responsabilidade também é da comunidade alpinopolense que tem a obrigação de contribuir para o estancamento dessa criminalidade hemorrágica que parece estar saindo de nosso controle. O cidadão pode e deve exigir atitude do poder público, mas não tem o direito de se reservar a proferir críticas e esperar que tudo seja resolvido apenas pelos governantes.

Este argumento aqui montado não busca apontar “culpados exclusivos” para o problema da violência em Alpinópolis. A grande questão é abrir os olhos para o que tem ocorrido e buscar soluções sustentáveis, cada um em sua alçada. É fundamental que cada um faça sua parte, mobilizando seu bairro, sua escola, sua igreja, sua associação ou seu partido político. É hora de colocar em prática uma ação válida que mostre para a Ventania que a união pode fazer a diferença.

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