A questão do abastecimento deficiente de vacinas representa, atualmente, uma real preocupação para o setor de imunização do Departamento de Saúde da Prefeitura Municipal. Desde o ano passado o município de Alpinópolis sofre com a irregularidade no fornecimento dos imunobiológicos o que acaba por comprometer o adequado atendimento da população local. O problema se estende por todo o país e o Ministério da Saúde, apesar de admitir que a distribuição do produto vem passando por um período crítico, anuncia que providências estão sendo tomadas.
Segundo dados disponibilizados pelo Departamento Municipal de Saúde, três tipos de vacina apresentam abastecimento insuficiente e apenas uma está com o estoque esgotado. A “Tetraviral” (contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela) vem sendo fornecida com um quantitativo abaixo do necessário para atender a demanda. A de “Hepatite A” também sofre com esta insuficiência e o município chegou a ficar cinco meses sem obter uma única dose, havendo um relativo alívio em março quando foram recebidas 21 doses. A “DPTa” (tríplice acelular) está em falta não somente em Alpinópolis ou no Brasil, mas no mundo todo, e é utilizada para atendimento de crianças em situações especiais, servindo para substituir a pentavalente, quando necessário. Já a “VOP” (Vacina Oral contra Poliomielite), que deve ser feita em crianças aos 15 meses e depois aos quatro anos como reforço, é a única que apresenta o estoque zerado. O município foi comunicado pela Superintendência Regional de Saúde de Passos que nova remessa deste produto será enviada apenas durante a próxima Campanha Nacional de Vacinação, ação programada para acontecer em junho. Contudo a insuficiência não engloba unicamente o fornecimento de vacinas, estando também em falta o “Soro Antirrábico”, produto indicado em casos de ferimentos graves provocados pela mordedura de animal suspeito de ter contraído raiva.
De acordo com Eliana Guilhermina da Cruz, enfermeira referência técnica em imunização da Prefeitura de Alpinópolis, devido ao fato de as vacinas contra “Hepatite A” e a “Tetraviral” estarem sendo liberadas em pequenas quantidades, o planejamento feito para aplicação das mesmas segue uma ordem determinada pela data de nascimento. Utilizando este critério foi elaborada uma lista das crianças que aguardam atendimento e, a medida que são recebidos os quantitativos de doses, é feito contato com os responsáveis (via telefone ou por meio dos agentes comunitários de saúde) orientando para que compareçam às salas de vacina localizadas na UBS Dr. Hélio Ferreira Lopes (PSF Centro) e no PSF Marcelino Honório de Morais (PSF Mundo Novo).
Ela ainda faz uma análise da intensidade do problema dizendo que, em mais de duas décadas atuando no setor, jamais havia visto situação semelhante. “Trabalho no setor de vacinação há 20 anos e ainda não havia passado por essa situação em todo esse tempo. É certo que o governo implantou, no Calendário Básico de Vacinação, o fornecimento de vários imubiológicos que até então só eram oferecidos em clínicas particulares, porém com tantas vacinas na programação, a impressão que fica é de que a administração não vem conseguindo cumprir com o proposto. Lamentavelmente essa crise que, há tempos, vem castigando o país parece ter afetado também esta área tão importante do Ministério da Saúde”, observa a enfermeira.
O Ministério da Saúde, na posição de responsável pelo fornecimento dos imunobiológicos, comunicou, por meio da Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunização (CGPNI), que admite o problema, porém argumenta que a deficiência no fornecimento em todo o país está diretamente relacionada a acontecimentos externos à administração pública em todos os níveis, sendo que, dentre estes, se destacam a indisponibilidade de matéria prima e a demora na análise de qualidade. Contudo o órgão se manifesta afirmando que as devidas providências estão sendo tomadas para que haja, o mais rápido possível, a normalização no abastecimento.