Deivid Linderman – Ventania faz arte na pele

deivid_tattooA tatuagem está entre as formas de arte mais antigas e onipresentes na humanidade. Por mais de cinco mil anos, culturas de todos os continentes habitáveis colocaram tintas permanentes em seus corpos, como defesas místicas, símbolos de status, ritos de passagem ou simplesmente como decoração pessoal.

Foi-se o tempo em que tatuagem era coisa de bandido. Hoje em dia, ter uma bela e bem desenhada tattoo é um indicativo de estilo. É uma escolha muito pessoal, porém ainda hoje há preconceito com pessoas que tem o corpo desenhado. Fazer uma tattoo é uma modificação corporal, assim como furar as orelhas ou mudar a cor do cabelo, coisas que muitos críticos da tatuagem fazem.

Antigamente o alpinopolense que quisesse uma tatuagem bem feita, com um bom acabamento e desenho criativo, precisaria buscar um profissional na vizinha Passos ou até em centros maiores.  Os tempos são outros e, hoje, nossa terra dos ventos já conta com um bom profissional, que tem inclusive um considerável portfólio, é credenciado pela vigilância sanitária e trabalha com equipamentos e tintas de boa qualidade.

Esse profissional é Deivid Linderman da Costa Ribeiro, um alpinopolense de 29 anos que, desde 2008,  vem desenhando a pele de quem quer expressar algo do interior de sua alma. Em entrevista ao Tribuna Alpina, Deivid falou sobre seu trabalho, suas dificuldades, suas inspirações e aspirações nesse envolvente mundo do tattoo.

Como e quando começou seu interesse pela tatuagem?

O interesse pelo ramo começou há cerca de 10 anos, quando vi um amigo de São Paulo tatuando na garagem de casa. Pedi a ele que me tatuasse e, daí pra frente, despertou em mim a vontade de tatuar. Mas a verdade é que desde os tempos de criança eu já gostava muito desses desenhos e, em contato direto com a arte, foi amor a primeira vista.

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Como foi e quando foi a primeira tatuagem que você fez?

A primeira tatuagem que fiz foi na minha própria mãe. Foi curioso e engraçado, pois eu até hoje não sei quem estava mais nervoso, eu ou ela. Eu com medo de errar e ela com medo que eu errasse. O trabalho foi, na verdade, o retoque de uma tatuagem que ela já tinha, feita obviamente por outro tatuador, mas que no fim acabou dando certo. O desenho foi uma rosa.

Quais as principais dificuldades no inicio da sua carreira de tatuador?

No inicio da minha carreira tive muitas dificuldades, mas a maior de todas era a falta do suporte profissional, ou seja, não ter a quem recorrer quando tinha dúvidas como a forma de aplicar corretamente os pigmentos, o modo de usar as agulha, a regulagem de minhas maquinas, quais marcas de material seriam mais adequadas, enfim,  a insegurança de não ter por perto alguém experiente para orientar. O início foi difícil e tive que aprender tudo praticamente sozinho, na raça mesmo.

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Você teve apoio dos familiares?

Tive apoio sim. Na época, a minha ex-sogra foi quem me emprestou o dinheiro para a compra da primeira maquininha de tattoo.  Minha mãe não pôde me ajudar financeiramente, mas me ajudou muito dando apoio moral e servindo de “cobaia” para o meu primeiro trabalho.

Quais suas maiores referências profissionais na tatuagem?

São centenas os artistas nos quais me inspiro e admiro o trabalho, tanto brasileiros como gringos, mas referência mesmo tem em um tatuador de nossa região, o Wellington Dias, de Passos.  Há cerca de quatro anos fui convidado para trabalhar em seu estúdio e lá pude aprimorar ainda mais meu trabalho. Aprendi muito com ele por isso o considero minha grande referência.

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Com que estilo de tattoo você mais se identifica?

Existem vários estilos e podem ser definidos como: realismo colorido, realismo preto e branco, preto e branco tradicional, tribal, oriental, new school, old school, entre outros. Na verdade gosto de todos, mas o que mais me fascina é o realismo colorido.

Utiliza algum tipo de máquina e pigmentos específico?

Sou exigente e trabalho com pigmentos de qualidade, tudo com registro na ANVISA. Uso três marcas: uma produzida no Brasil e outras duas nos Estados Unidos. Quanto às maquinas de tattoo, utilizo oito marcas diferentes, sendo três nacionais, três suíças e duas japonesas.

Como o alpinopolense enxerga a arte do tatoo?

As pessoas encaram a tatuagem de varias formas. Tem gente que vê como arte, já outros enxergam como marca da marginalidade. Entendo que esse preconceito existe, mas acho que já foi bem maior e, felizmente, vem acabando gradualmente. Aqui em nossa cidade é lógico que há quem critique, mas também tem muita gente que gosta e admira a arte na pele.

Já sofreu algum tipo de preconceito nesse trabalho?

Nunca sofri nenhum tipo de preconceito por causa da profissão, mas já fui discriminado pelo fato de ter o corpo tatuado.

Muita gente escolhe as tatuagens baseadas em momentos que estão vivendo, como exemplo: pessoas que tatuam o nome ou o desenho do rosto de suas paixões. Essa é uma boa forma de escolher uma tatuagem?

Muitos dos meus clientes escolhem desenhos e temas que identifiquem suas paixões, profissões ou até mesmo seu cotidiano, como por exemplo, um músico que tatua notas musicais ou instrumentos. Algumas me procuram para gravar nomes de familiares, namorado ou namorada, homenagens a entes falecidos. O mundo da tattoo é bem expansivo e só depende do profissional do ramo interpretar exatamente a essência do desejo do cliente e criar uma arte que encaixe com ele. Não há como responder se é ou não uma boa forma de escolher, pois cada pessoa tem sua história que deve ser respeitada. Mas bom senso sempre cabe bem na hora de fazer uma tatuagem.

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É comum as pessoas fazerem tatuagens para esconder cicatrizes ou marcas?

É bastante comum. Muitas pessoas me procuram para realizar alguma cobertura de cicatrizes, marcas de queimaduras e manchas na pele. Porém, nesse sentido, o serviço mais contratado é visando cobrir outras tatuagens já existentes.

Quais são suas paixões além da tatuagem?

Gosto de muitas coisas, mas sou verdadeiramente apaixonado por velocidade. Curto muito os carros e as motos e, quando não estou tatuando, geralmente estou na estrada viajando. Sinto uma sensação incrível de paz e liberdade, seja sobre duas ou quatro rodas. Sou fascinado pela tatuagem e pela velocidade.

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