Baltazar Vicente, um ícone da cultura e religiosidade de Alpinópolis

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Alpinópolis perdeu recentemente uma das mais importantes figuras de sua cultura e religiosidade. Faleceu, aos 86 anos, Baltazar Marques dos Santos, conhecido por toda a cidade como Baltazar Vicente, capitão do terno de Congo Verde e Amarelo. Em razão do passamento dessa personalidade local, o prefeito José Gabriel dos Santos Filho, o Zé da Loja (PSD), declarou luto oficial no município.

Baltazar Vicente, um dos ícones da Festa do Reinado de Alpinópolis, participou dos festejos pela primeira vez com apenas sete anos de idade, dançando em um terno de Moçambique. Logo, aos 14 anos, sentiu no coração que seu lugar era mesmo na congada e pra lá se transferiu. Em menos de seis anos como congadeiro, já assumiu o terno como capitão, posto que ocupou por mais de 65 anos com muita fé e dedicação.

Nas palavras do diácono, professor e historiador Dimas Ferreira Lopes, a cidade guarda luto, porém não trajando de preta cor, mas de verde terno. Alpinópolis não marchou ou compassou para sepultar o capitão. Foi um féretro dançante. O 20 de junho foi dia temporão de Reinado. Dobrando os sinos das igrejas de três bairros e seus santos: o reinado do Rosário, do Santa Efigênia e do São Benedito. Todos os congados ritmando reverentes a um respeitável capitão congadeiro. Uma confluência de ternos de variadas cores, todos com tarjas verdes. “Era um ator do folclore, personagem de ponta. Mas era também o devoto da piedade popular que está contida nesta expressão cultural da resistência negra alijada de participação nas celebrações dos brancos. O Reinado perdeu um monarca, morreu sua majestade Baltazar Vicente”, lamentou o professor.

Em uma entrevista realizada em 2012 pelos alunos do 3º ano “A” da Escola Estadual Dona Indá, sob a coordenação de Cinara Freire, professora de Sociologia, o capitão Baltazar Vicente fala um pouco de sua trajetória no Reinado e da importância da festa para a cultura alpinopolense. 

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