O câncer figura como principal causa de morte por doenças na cidade de Alpinópolis, segundo aponta pesquisa divulgada na última segunda-feira (16) pelo Observatório de Oncologia do movimento Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM). O estudo indica que essa é a realidade de 516 cidades brasileiras, das quais 84 encontram-se em Minas Gerais, sendo 17 na região Sul de Minas e 3 na sub-região Sudoeste de Minas
De acordo com a progressão dos números, o CFM alerta que a doença avança ano após ano e, caso a trajetória seja mantida, em pouco mais de uma década as chamadas neoplasias serão responsáveis pela maioria dos óbitos em todo o país. Os dados deste estudo publicado são relativos ao ano de 2015.
Alpinópolis, cuja população estimada à época do levantamento era de 19.630 habitantes, está entre os municípios brasileiros que tem o câncer entre as principais causas de mortalidade. Os números do CFM mostram que 21% das mortes provocadas por doença tem como causa o câncer. No município são 126 óbitos registrados em decorrência de diversas enfermidades, dos quais 26 ocasionados por algum tipo de câncer. As estatísticas apontam que a incidência no município atinge 13,25 de cada 10 mil habitantes, sendo considerada alta.
A maioria dos pacientes alpinopolenses diagnosticados com a doença recebe tratamento no Hospital Regional do Câncer de Passos (HRC). Alpinópolis é uma das cidades que mais utiliza a entidade na região. Somente entre os anos de 2010 e 2015 foram 20.248 atendimentos registrados, número inferior apenas aos de municípios de maior porte, como Passos (158.664), São Sebastião do Paraíso (68.092) e Piumhi (33.939). O HRC atende a 55 cidades do entorno e disponibiliza todos os ciclos de tratamento: consultas, diagnósticos, internação, cirurgias, oncologia, hematologia pediátrica, quimioterapia, radioterapia e braquiterapia.
Entre as 21 cidades que compõem o Sudoeste de Minas, apenas três aparecem entre as 516 onde o câncer é a principal causa de morte: Alpinópolis, Delfinópolis e São José da Barra. Já nas 146 localidades do Sul de Minas, o número sobe para 17 municípios e são, além dos três já citados: Pedralva, Silvianópolis, Inconfidentes, Conceição dos Ouros, Bandeira do Sul, Natércia, Soledade de Minas, Senador Amaral, Ribeirão Vermelho, Jesuânia, Senador José Bento, Wenceslau Braz, Ingaí e São Bento Abade.
Para a presidente da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (ABRALE), Merula Steagall, a expectativa é de que o estudo contribua para um melhor planejamento das ações de controle, prevenção e tratamento da doença no Brasil. “O aumento da mortalidade pela doença aqui está relacionado, também, às dificuldades enfrentadas pelo paciente para o diagnóstico e para o acesso ao tratamento. Diversos tipos de câncer são preveníveis e outros têm seu risco de morte significativamente reduzido quando diagnosticado precocemente. Nosso objetivo é alertar e engajar os múltiplos atores a somarem esforços no combate ao câncer”, destacou Merula.
A Prefeitura de Alpinópolis foi procurada para manifestar-se sobre o assunto através do Departamento Municipal de Saúde (DMS), mas até o fechamento desta matéria não havia enviado nenhuma resposta.